O hábito de parcelar compras no cartão de crédito é natural para o brasileiro, que nem tinha conhecimento de que a modalidade praticamente só existe aqui. O parcelamento no cartão sem juros (explícitos) é alvo de discussões nos últimos dias, a ponto de criarem até uma sigla: PSJ.
Segundo o Sebrae, o Parcelamento Sem Juros é considerado indispensável para a economia: em 2022, movimentou mais de R$ 1 trilhão, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Custo do crédito cresceria 35% com fim do parcelamento no cartão
O fim do parcelamento no cartão atingiria em cheio os pequenos negócios. De acordo com estudo da LCA Consultores, caso a restrição realmente avance, geraria um aumento no custo de crédito de 35% e uma retração de até 27% no volume do crédito.
O varejo perderia R$ 190 bilhões em vendas, gerando um efeito dominó sobre os outros setores da economia. “É inadmissível que o Parcelamento Sem Juros – grande aliado dos consumidores, varejistas e empreendedores – seja extinto, taxado ou alterado. A livre concorrência deve prevalecer”, defende manifesto divulgado nesta quarta-feira pelo Sebare e outras oito entidades ligadas ao Comércio e Serviços.
O documento é uma resposta à possibilidade de limitar essa forma de pagamento, sugerida recentemente pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A proposta de Campos Neto visa impedir a discussão que interessa ao governo e à sociedade: reduzir os juros no crédito rotativo.
O rotativo tem taxas superiores a 400% ao ano e é o crédito oferecido automaticamente aos detentores de cartão de crédito que não conseguem pagar integralmente a fatura.
Sebrae: é preciso corrigir o problema dos juros
Segundo as entidades, o Parcelamento Sem Juros não pode ser associado a uma ideia de irresponsabilidade financeira. Pelo contrário, registra o grupo: “Restringir o PSJ é restringir a competição e privar a população, o varejo e a economia como um todo de uma ferramenta essencial”.
Para o Sebrae, o alto valor cobrado nos juros do rotativo pode prejudicar o funcionamento das empresas e impedir o consumo das famílias. E os pequenos negócios seriam os mais prejudicados com a taxação.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, lembra que o acesso a crédito no Brasil ainda é um grande entrave que impede o desenvolvimento econômico e social de forma mais vigorosa e sustentável, tanto para as empresas quanto para as famílias.
“O parcelamento com taxação é inimaginável frente às naturais dificuldades econômicos enfrentadas pelo setor na voracidade própria do mercado. Os pequenos precisam ser protegidos para continuar tracionando a economia brasileira”, argumenta Lima. “É preciso corrigir o problema dos juros, mas, ao mesmo tempo, não criar outros”.
Além do Sebrae, as seguintes entidades assinam o “Manifesto pelo direito de continuar fazendo compras parceladas sem juros”: Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag), Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil), Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), Conecta, Parcele na Hora, Proteste, Euroconsumers Brasil, União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco).
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