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BNDES volta a protagonizar fortalecimento da indústria

Banco desponta como protagonista na retomada da industrialização do Brasil com pacote de medidas para fortalecer o setor



No Dia da Indústria, comemorado em 25 de maio, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou um pacote de medidas com o objetivo de fortalecer o setor. O anúncio, feito pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), detalhou como funcionarão as novas linhas de financiamento para exportação e inovação.


O crédito, com taxa fixa em dólar, valerá para empresas brasileiras exportadoras cuja receita seja em moeda americana ou esteja atrelada à variação cambial. O pacote também inclui redução dos spreads (diferença entre a taxa de juros cobrada pelo banco na hora de emprestar e a que ele paga ao investir), com o objetivo de financiar a produção de bens nacionais voltados à exportação.



As medidas anunciadas injetaram ânimo no setor produtivo, que vinha sofrendo sem incentivos nos últimos anos. “O BNDES sempre teve papel-chave no desenvolvimento econômico do país, mas, infelizmente, perdeu protagonismo nos últimos anos, com a queda dos recursos para a indústria, na contramão do mundo”, avalia a gerente de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Samantha Cunha.


A análise é de que as medidas anunciadas focam as transformações pelas quais a economia passa e respondem aos desafios da indústria nacional. “O plano de retomada da indústria já previa a necessidade de o BNDES ser o grande promotor da neoindustrialização do país”, lembra Samantha.


Ela explica que o custo do crédito é, hoje, um dos principais entraves à competitividade das empresas. “O banco, como protagonista desse processo, olha para a nova realidade, focada em inovação, digitalização, descarbonização e comércio exterior”, conclui.


Um recomeço para a competitividade

Entre as medidas anunciadas está o aperfeiçoamento do BNDES Exim Pré-Embarque, que financia a produção de bens nacionais para exportação, com forte redução da taxa de juros. O feito deve ajudar a indústria a recuperar a competitividade, fortalecendo as exportações e trazendo oportunidades para inserção no mercado internacional.


A previsão é de que o spread cobrado pelo banco seja reduzido em cerca de 60% no caso de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que possuem maiores dificuldades técnicas e financeiras. O anúncio das medidas reverte a trajetória de queda acentuada dos desembolsos do BNDES Exim.


Entre 2010 e 2021, por exemplo, a diminuição das duas linhas do BNDES Exim (Pré e Pós-embarque) foi de 87%. Já a redução da linha pré-embarque foi ainda mais acentuada, de 98%, no mesmo período. Em 2021, o desembolso do Exim Pré-embarque foi de apenas R$ 280 milhões. “Recebemos essas medidas com bons olhos porque são um sinal da dinamização dessa agenda, do ponto de vista do comércio exterior, que foi um dos setores que mais sofreram nos últimos anos”, afirma Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI.


Entre 2020 e 2021, a média de desembolsos dos 15 principais países que utilizam o crédito à exportação foi de US$ 4,7 bilhões, enquanto o Brasil investiu apenas US$ 400 milhões no período. Além disso, a Taxa Fixa do BNDES em dólar (TFBD) deve ajudar o planejamento financeiro das empresas cujas receitas são atreladas à variação do dólar, para a compra de maquinário e equipamentos.


Fomentar o crescimento é essencial

A expectativa da indústria é de que o anúncio do BNDES seja parte de uma estratégia maior, de Estado, que envolva medidas de longo prazo, a representar o fio condutor para a recuperação do crescimento econômico sustentado do país.


Apesar disso, a destinação de recursos exclusivos para financiamento ainda possui desafios, como de governança, disponibilidade de fundos e gestão. Em vários países, como Alemanha, Itália, Coreia do Sul e China, os ativos dos bancos de desenvolvimento têm grande relevância.

“Os bancos de desenvolvimento vêm ganhando importância no mundo todo diante das grandes transformações em curso", analisa Samantha. “É importante que o BNDES seja fortalecido, para que aumente a sua capacidade de apoiar a modernização do país. Os anúncios feitos estão em linha com a importância da indústria para o crescimento social e econômico do país, que depende do aumento da produtividade para crescer com taxas mais elevadas”, avalia a gerente da CNI.


Otimismo entre os setores para uma economia promissora

As empresas receberam com grande otimismo o anúncio das novas linhas de crédito do BNDES. “Para a indústria do cimento, é inegável a importância das linhas de crédito anunciadas pelo BNDES”, diz o presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Paulo Camillo Penna.

“É uma forma de incentivar o investimento e a inovação, acelerar o crescimento econômico e auxiliar o enfrentamento dos desafios globais, como a descarbonização”, diz ele. Carolina Rocha, COO da Perfin, empresa que atua na área de infraestrutura, também comemora a nova fase anunciada pelo BNDES. “A iniciativa do banco é um passo importante para incentivar a produção e o desenvolvimento da indústria brasileira, beneficiando setores que são importantes para o país, como a agroindústria, o setor automotivo, o petroquímico e o siderúrgico”, afirma.


Ela considera que as medidas são bastante abrangentes, pois trazem impactos positivos para toda a cadeia de valor, uma vez que áreas complementares também se beneficiam do aumento da atividade econômica. “O aquecimento da indústria aumenta a demanda por energia, estimula os setores de geração, transmissão e distribuição, o setor logístico, o de transportes e áreas afins”, argumenta.


“Ao se preocupar tanto com MPMEs quanto com players maiores, o BNDES inicia um movimento que pode aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional. Além disso, sabemos que quanto maior a previsibilidade do cenário de curto e médio prazo, mais fácil para o mercado avaliar risco e retorno, reduzindo o risco de capital e contribuindo com o aumento do volume de investimentos”, conclui Carolina.

 


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