Levantamento da CNN com base em dados do Caged mostra que a geração de empregos do setor acontece em meio aos problemas da escassez de produtos e guerra no leste europeu
A indústria brasileira tem atualmente mais de 8 milhões de funcionários contratados com carteira assinada – 400 mil pessoas a mais em comparação com o registrado nos quatro primeiros meses de 2021.
O resultado faz parte de um levantamento feito pela CNN, nesta terça-feira (7), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que trazem resultados de contratações com carteira assinada até o mês de abril de 2022.
A expectativa do setor é que a diferença entre os dois anos aumente ainda mais. Isso porque somente nos primeiros quatro meses de 2022, o segmento contratou mais de 127 mil novos funcionários.
Os dados levantados pela reportagem da CNN mostram que o setor registrou mais admissões do que desligamento durante todo o período compreendido entre janeiro e abril.
Neste ano, o melhor resultado do setor aconteceu em janeiro, quando aproximadamente 52 mil novos postos de trabalho foram criados no país. Na prática, no mês analisado, 290 mil pessoas foram contratadas, enquanto 238 mil foram demitidas.
Em abril, último mês com dados divulgados pelo Caged, foi registrado um saldo mensal superior a 26,5 mil contratações no setor industrial – com 285 mil admissões, contra 259 mil desligamentos.
Saldo de contratações da indústria nos primeiros quatro meses do ano:
Janeiro: 52,3 mil contratações
Fevereiro: 43,3 mil contratações
Março: 5,7 mil contratações
Abril: 26,3 mil contratações
De acordo com o mestre em economia da USP, Lucas Godoi, a recuperação do segmento é puxada principalmente pela indústria de transformação, responsável pela fabricação de vestuários, calçados e biocombustíveis.
“Os produtos ligados ao petróleo estão muito caros, o que torna vantajoso e, consequentemente, aumenta a procura por biocombustíveis no Brasil. Esse resultado é intensificado sempre que temos um reajuste no preço da gasolina”, explica Godoi.
“Percebemos o bom momento dos vestuários e calçados também, setores que estão crescendo de uns meses para cá, o que mostra que as pessoas voltam aos poucos a consumir bens não essenciais com o fim do isolamento social. Todos os segmentos citados fazem parte da indústria de transformação”.
Já para o presidente da Associação de indústrias do estado do Rio de Janeiro e representante do setor, Sérgio Duarte, a indústria brasileira ainda enfrenta grandes dificuldades em 2022.
Todavia, para Duarte, a expectativa é que os bons resultados perdurem até o fim do ano. Ele também diz que as contratações no setor foram puxadas pela indústria de transformação.
“A vacinação trouxe mais segurança para as pessoas e isso dá confiança para as pessoas saírem, o que ajuda o setor industrial, responsável pelo abastecimento de outros setores, como o de serviços. Ainda temos escassez de produtos por conta da Covid-19, dificuldades causadas pela guerra na Ucrânia e outras questões. No entanto, vamos buscar manter o abastecimento para continuar com esses bons resultados durante o ano”, ressaltou o representante.
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