País registrou 6,175 milhões de pedidos de demissão nos últimos 12 meses até maio, 33% do total de desligamentos de trabalhadores no período
Nos últimos 12 meses, até maio, o Brasil registrou 6,175 milhões de pedidos de demissão. O dado caracteriza um recorde, em meio ao desemprego alto e à dificuldade dos trabalhadores de voltar ao mercado de trabalho.
O levantamento é da LCA Consultores e leva em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no país.
Segundo os dados, esse número equivale a 33% do total de desligamentos de trabalhadores no período (18,694 milhões). Ou seja, 1 de cada 3 desligamentos foram voluntários (a pedido do trabalhador).
O recorde leva em conta o período a partir de janeiro de 2020, início da série histórica do Caged com a metodologia atual de contagem de vagas.
Em relação a maio de 2021 (4,132 milhões), houve aumento de 50% no número de demissões dentro do acumulado de 12 meses.
Já no mês de maio, foram 572.364 demissões voluntárias – o número só é menor que o registrado em março (603.136). Nessa base de comparação, os pedidos de demissão equivalem a 36% do total de maio (1.683.942).
Comparando o mês de maio de 2021 com o deste ano, o aumento no pedido de demissões foi de 52%. Tanto no acumulado de 12 meses quanto em maio, São Paulo se manteve no topo dos estados com maior número de pedidos de demissão.
Todas as unidades da Federação tiveram o maior número de pedidos de demissão desde janeiro de 2020, tanto no mês de maio como no acumulado de 12 meses.
Ainda na comparação com janeiro de 2020, o número de demissões em maio chega a mais do que dobrar em alguns estados nas duas bases de comparação.
'Movimento de normalização'
O responsável pela pesquisa, Bruno Imaizumi, diz que os números mostram um movimento de continuidade de normalização do mercado de trabalho.
O economista complementa que muitas empresas estão voltando para o trabalho presencial. Com isso, para os trabalhadores que viram que essa modalidade não é benéfica em termos de qualidade de vida, essa volta ao ambiente de trabalho acaba pesando na escolha do profissional, que prefere trabalhar de casa em vez de pegar trânsito todos os dias, por exemplo.
“Isso para empregos específicos, mais voltados para o setor de serviços em que seja possível trabalhar de casa”, ressalta.
O economista lembra ainda que no começo da pandemia muita gente acabou aceitando emprego sem ter afinidade com suas formações. Com a diminuição dos efeitos da pandemia no mercado de trabalho, os profissionais pedem demissão para serem admitidos dentro de cargos mais adequados a suas qualificações.
“Ou seja, após muitas pessoas permanecerem ou irem para trabalhos que não eram condizentes com suas qualificações devido à necessidade de alguma recomposição de renda durante a pandemia, que foi um período de elevada incerteza e inflação, muitas delas começam a se desligar de empregos para se admitirem em outros mais adequados”, diz.
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