Em linha com o desempenho de janeiro, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras tiveram alta de 17% no faturamento em fevereiro ante 2023. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) e mostram manutenção do resultado positivo em todos os setores avaliados.
Segundo a pesquisa, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços mantiveram a evolução vista durante o primeiro mês do ano. Desta forma, um avanço também foi visto em termos de movimentação financeira. Entre janeiro e fevereiro, a expansão acumulada foi de 15,4% neste índice.
Entre os motivos para tal, segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, cita movimentações macroeconômicas nestes períodos.
“Os resultados recentes refletem, de certa forma, o início dos efeitos na economia real do ciclo de queda da Selic (taxa básica de juros) iniciado pelo Banco Central em meados de 2023, tendo em vista o avanço das concessões de crédito às pessoas físicas no início do ano – com taxas de juros médias finais relativamente mais baixas”, afirma.
Além disso, o especialista comenta que a queda da Selic, somada a inflação mais controlada, também favorece a evolução das áreas de consumo e investimentos.
Panorama
APESAR DOS ÚLTIMOS RESULTADOS POSITIVOS, O CENÁRIO DE CURTO PRAZO NÃO É LIVRE DE RISCOS. A QUEDA RECENTE DA CONFIANÇA DOS CONSUMIDORES, CONFORME APONTA O ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR (ICC) DO FGV IBRE, ACENDE UM SINAL AMARELO PARA AS PMES. SOBRETUDO DOS SETORES DE COMÉRCIO E SERVIÇOS, UMA VEZ QUE O INDICADOR É UM BOM ANTECEDENTE DA EVOLUÇÃO DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS. MESMO COM O CONTEXTO DE QUEDA DAS TAXAS DE JUROS, O NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS AINDA SEGUE EM PATAMAR ELEVADO, O QUE PODE PREJUDICAR A EVOLUÇÃO DO CONSUMO NO CURTO PRAZO. APESAR DISSO, MANTEMOS A PERSPECTIVA DE QUE O MERCADO DE PMES SIGA EM CRESCIMENTO NO BRASIL NO DECORRER DO ANO. A MANUTENÇÃO DO AVANÇO DEVE SER CONDICIONADA PELAS MENORES PRESSÕES INFLACIONÁRIAS SOBRE AS FAMÍLIAS E AS EMPRESAS E PELOS EFEITOS CADA VEZ MAIS CLAROS DO CICLO DE REDUÇÃO DA TAXA BÁSICA DE JUROS (TAXA SELIC) NA ECONOMIA REAL.
FELIPE BERALDI, ECONOMISTA E GERENTE DE INDICADORES E ESTUDOS ECONÔMICOS DA OMIE
Números
Indústria
Para fevereiro, o IODE-PME continuou apontando o setor como o principal dentro da contribuição positiva entre as PMEs. O crescimento da movimentação financeira chegou a 22,7% na comparação com mesmo mês no ano passado.
De 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 19 mostraram crescimento de dois dígitos no último mês. São eles:
Fabricação de móveis;
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro;
Artigos para viagem e calçados;
Metalurgia;
Fabricação de produtos químicos.
Comércio
Já as PMEs do Comércio foram melhores que em janeiro e surpreenderam, com aumento de 13,8% ano a ano. Isso fez com que a tendência de queda vista a partir do segundo semestre de 2023 fosse descartada até o momento.
A recuperação veio do comércio atacadista, que obteve alta de 14,1%, com destaque para três subsetores:
Produtos odontológicos;
Café em grãos;
Produtos de higiene, limpeza e conservação domiciliar.
As PMEs do varejo também voltaram a apresentar crescimento em 2024, com índice discreto de 4,9%. Os destaques ficaram para os segmentos de Pedras para revestimento, Vidros e Artigos fotográficos e para filmagem.
Serviços
No setor de Serviços, as PMEs também despontaram positivamente, crescendo 9,2% em fevereiro. No primeiro bimestre do ano, o resultado positivo do setor foi condicionado, especialmente, pelo avanço em:
Atividades de entrega;
Agências de viagem e outros serviços de turismo;
Design de interiores.
Infraestrutura
Por fim, as PMEs do setor de Infraestrutura também apresentaram crescimento da movimentação financeira real em fevereiro, chegando a 10,4%. Os melhores subsetores foram:
Serviços especializados para construção;
Coleta, tratamento e disposição de resíduos.
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