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Produção de bebidas sobe 11% e tem melhor mês desde 2020; Ambev comemora?

Mesmo com crescimento da produção, analistas ainda destacam desafios que Ambev pode enfrentar nos próximos trimestres


Fonte: Banco de imagens Wix

A indústria cervejeira no Brasil vai bem, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os volumes da produção de bebidas alcoólicas cresceram 11% em julho, na comparação anual e marca o melhor patamar desde 2020. E, mesmo lá atrás, a base de comparação é considerada distorcida.


O crescimento vem após números já fortes de junho, quando a produção cresceu 4,5%. No apanhado de 2024, a alta já é de 4% (na comparação anual), apontando para a maior produção já registrada. O que isso significa para Ambev (ABEV3)?De acordo com analistas, os volumes voltam a crescer após um desempenho mais estável da indústria em 2023 (que já contava com comparativos mais difíceis). Dentre as explicações para o avanço, segundo o Bradesco BBI, estão o cenário macroeconômico favorável no Brasil, com taxa de desemprego mais baixa e números do Produto Interno Bruto (PIB) mais fortes que o esperado. Nesse contexto, a Ambev se consolida como líder de mercado e ajuda a compor o forte desempenho da indústria.


No entanto, ainda há alguns fatores para serem analisados antes de brindar a alta nos volumes, para o BBI. Em primeiro lugar, o crescimento parece ser apoiado em menos nível de precificação da indústria, com inflação da cerveja desacelerando consistentemente em relação aos dados gerais. Isso pode significar que a Ambev teria dificuldade para ver aumento significativo nas estimativas de consenso.


Outro ponto relevante são os comparativos mais difíceis no terceiro trimestre de 2024, ainda que os dados de produção sugiram mais facilidade. A dificuldade advém do aumento, nos últimos três anos, de cerca de 7% nos volumes de trimestre (comparando com o primeiro trimestre, que tende a ser sazonalmente mais forte). “Embora a aceleração nos dados de produção da indústria sugira que um terceiro trimestre mais forte possa continuar a ser o caso este ano, ainda acreditamos que o ritmo relativo de crescimento da empresa possa desacelerar”, sugere o BBI.


A XP considera que o momentum da produção parece ter sido mantido e que os espaços para riscos de queda parecem diminuir. Mesmo dentre as bebidas não alcoólicas, os números parecem melhores e dão espaço para mais otimismo no segundo semestre de 2024.


Para além do cenário aparentemente favorável, a Ambev se apresenta atraente pela estratégia de estrutura de capital e pelas possíveis decisões tomadas em relação a isso. Algumas alternativas que investidores debatem são o foco em dividendos, em recompra de ações ou aquisição de ativos com sua controladora, a AB InBev. O Itaú BBA considera melhores as duas primeiras opções e considera que essa tem sido a principal discussão dentre os investidores de Ambev.


Recomendações

Apesar da visão aparentemente otimista, mesmo com ressalvas, as casas de análise mantém recomendação neutra para Ambev. A XP considera que os ventos contrários do custo das commodities podem limitar os ganhos. Além disso, a concorrência mais acirrada no Brasil também poderia atrapalhar o nome.


O BBA entende que o valuation está mais atraente do que antes e que a relação de preço sobre lucro (P/L), em 2025, deve ficar em 13,5 vezes, com taxa interna de retorno bienal de 16%. “Este pode ser considerado um dos níveis de múltiplos mais favoráveis registados nos últimos anos, mas avaliamos que um impulso mais forte a curto prazo seria necessário para justificar uma posição mais otimista por agora”, entende.


Já o BBI estima a relação de P/L em 12,8 vezes, com desconto em relação aos pares. A assimetria parece mais positiva do que há anos, na análise do banco. A recomendação segue neutra, no entanto, pela crença de maior dificuldade pelo poder de precificação mais lento. O banco destaca também que a possibilidade de desenvolvimentos internos com potencial de levar a revisões de lucro para cima ou impulsionar reavaliação de ações ainda é limitada.

 

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