Em linha com um ritmo de crescimento da economia acima do esperado, a Fiesp revisou a projeção da produção industrial em 2024 para 2,9%
A produção industrial ficou perto da estabilidade em agosto (+0,1%) após queda de 1,4% em julho, dados com ajuste sazonal.
Entre os segmentos, a influência positiva mais importante foi assinalada por indústrias extrativas, que cresceram 1,1% no mês. Por outro lado, entre as 18 atividades que apontaram queda na produção, destacam-se os segmentos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,3%), produtos diversos (-16,7%) e impressão e reprodução de gravações (-25,1%).
No balanço de riscos, o novo ciclo de aumento da taxa Selic tende a pesar o processo de recuperação em curso para o setor.
A projeção para o crescimento da produção industrial em 2024 foi revisada de 2,2% para 2,9%.
Análise de desempenho
A produção industrial ficou perto da estabilidade entre julho e agosto (+0,1%), sem efeitos sazonais. O resultado veio próximo da expectativa da FIESP que apontava para estabilidade e em linha com o que era esperado pelo mercado. Em comparação a agosto de 2023, houve aumento de 2,2%. O desempenho foi influenciado pela queda na indústria de transformação (-0,3%) e aumento da indústria extrativa (+1,1%). Com o último resultado, o nível da produção industrial se encontra 1,5% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020). Na variação acumulada em 12 meses, a produção industrial registra alta de 2,4% – Gráfico 1.
Gráfico 1 – Produção Industrial – Indústria Geral
O resultado da atividade industrial na passagem para agosto foi influenciado pelo avanço em duas das quatro categorias econômicas e em 7 dos 25 setores pesquisados. Entre os segmentos, a influência positiva mais importante foi assinalada por indústrias extrativas, que cresceram 1,1% no mês. Por outro lado, entre as 18 atividades que apontaram queda na produção, destacam-se os segmentos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,3%), produtos diversos (-16,7%) e impressão e reprodução de gravações (-25,1%).
Em relação às grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, sem influências sazonais, houve aumento na produção de bens de consumo semi e não duráveis (+0,4%) e bens intermediários (+0,3%). Por outro lado, os segmentos de bens de capital (-4,0%) e de bens de consumo duráveis (-1,3%) registraram resultados negativos na passagem mensal.
Análise do cenário pela Fiesp
Em agosto, o nível de produção da indústria geral ficou perto da estabilidade, após queda de 1,4% em julho e aumento de 4,4% em junho. Com os últimos resultados, a produção física continua em patamar elevado e mantém variação positiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior pelo terceiro mês consecutivo. Entre janeiro e agosto de 2024, frente ao mesmo período de 2023, o setor industrial apontou crescimento de 3,0%. Com os últimos resultados, o carregamento estatístico da indústria geral para o ano, que é a comparação do nível de produção atual extrapolado até dezembro de 2024 em relação a 2023, está em +2,6%. Mesmo com os resultados menos expressivos de julho e agosto, o ganho de dinamismo tem se disseminado entre os setores, conforme mostra o Mapa de Calor – Figura 1.
Figura 1 – Mapa de Calor da Indústria (Ago/23 – Ago/24)
O mapa mostra que, na indústria de transformação, 10 atividades estavam acelerando (Forte+ Muito Forte), 2 atividades desacelerando (Fraca + Muito Fraca) e outros 12 segmentos estáveis em relação à média histórica (Neutro) no mês de agosto de 2024. No mesmo período de 2023, o resultado era inverso, com mais setores arrefecendo (11) em relação aos setores com crescimento Forte ou Muito Forte (5). Portanto, houve um movimento de inflexão, que foi influenciado, sobretudo, pela queda do conjunto de segmentos desacelerando durante os oito primeiros meses de 2024, reforçando o diagnóstico de recuperação da indústria no ano – Gráfico 2.
Gráfico 2 – Avaliação entre os setores selecionados (n.º)
De forma geral, a variação próxima da estabilidade em agosto foi resultado da comparação em patamar elevado da produção industrial em 2024, configurando acomodação na leitura mensal, resultado comum em dados de alta frequência (mensais) e que não representa uma reversão da tendência de recuperação do setor. Considerando o forte aumento de junho (+4,4%), o saldo do trimestre móvel encerrado em agosto ainda é positivo. A recuperação durante o ano vem sendo influenciada pelos efeitos da forte dinâmica do mercado de trabalho, do expressivo crescimento da renda e da expansão do crédito.
“Diante do conjunto de informações disponíveis até o momento, após um ritmo de crescimento do setor acima do esperado nos últimos meses, devido aos efeitos da forte dinâmica do mercado de trabalho, do expressivo crescimento da renda e da expansão do crédito, a Fiesp revisou a projeção da produção industrial de 2,2% para 2,9% em 2024”, ressalta Igor Rocha.
Em relação ao balanço de riscos para o cenário prospectivo, o novo ciclo de aumento de juros tende a pesar contra a continuidade do processo de recuperação em curso para a indústria de transformação, setor mais sensível às condições que incidem sobre o acesso ao crédito. Devido aos efeitos defasados da política monetária, as decisões de aumentar a taxa de juros, sobretudo em um ambiente em que as condições financeiras já estavam restritivas, terão efeitos sobre o nível de atividade industrial em 2025.
Gráfico 3 – Produção Industrial – Indústria Geral
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