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Ranking SBVC 2022 mostra a importância do e-commerce e da digitalização para o varejo

O SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) acaba de apresentar o relatório das 300 maiores empresas de varejo brasileiro de 2021. E, de acordo com o Ranking SBVC 2022, o grupo teve um crescimento de dois dígitos em seu faturamento pelo segundo ano consecutivo. Em 2021, portanto, o faturamento consolidado das empresas deste Ranking foi de R$ 892,426 bilhões. Ou seja, uma alta de 12,22% em relação aos dados das 300 maiores do ano anterior — que, por sua vez, havia avançado 13,07% sobre as varejistas listadas na edição 2020. Considerando apenas as 209 empresas que divulgaram seus faturamentos brutos em 2021 e 2020, o crescimento anual foi de 13,17%.


Fonte: Banco de imagens Canva

Segundo Ranking SBVC sobre o varejo, três setores se destacam na lista dos maiores e-commerces brasileiros em faturamento: Eletromóveis, Moda e Drogaria / Perfumaria.Com isso, as maiores empresas continuam apresentando índices de crescimento consistentes, acima da inflação oficial medida pelo IBGE. Em 2021, as vendas das 300 maiores ficaram em linha com o crescimento apontado pelo IBGE para o Varejo Restrito (13,9%) e abaixo dos 18% de expansão do Varejo Ampliado (que insere o setor automobilístico, que não é incluído neste Ranking).


Conversamos com Ronald Nossig, vice-presidente da SBVC, sobre o poder do e-commerce dentro do ranking. “O e-commerce ainda está longe de todo o seu potencial, mas pode-se dizer que ele é fundamental para as empresas em geral. Afinal, a jornada de compra já começa por ele e, com o incremento gradual da tecnologia 5G, acredito que haverá um aquecimento ainda maior do setor e uma oportunidade de crescimento ainda mais efetiva”.


Os líderes do e-commerce

Assim como aconteceu nas duas edições anteriores do Ranking SBVC, a líder nacional em vendas online é o Magazine Luiza. Com R$ 26,688 bilhões, teve um crescimento de 28,4% em relação a 2020 e o equivalente a 62,73% do faturamento bruto da empresa. Para que se tenha uma visão mais clara da expansão digital da empresa, em 2019 o seu e-commerce movimentou R$ 9,336 bilhões — um crescimento de 185,86% em dois anos. Portanto, no recorte do estudo (e se fosse uma companhia isolada), o “Magalu.com” seria a 7º maior varejista do país.


A vice-liderança digital, por sua vez, mudou de mãos. A Americanas, 3ª colocada em 2020, subiu uma posição ao aumentar suas vendas online em 41,9%, para R$ 19,107 bilhões, o equivalente a 59,36% do faturamento da companhia. A evolução digital da empresa nos últimos anos é notável, pela integração da antiga B2W (Submarino, Americanas.com, Shoptime) e uma forte atuação omnichannel, tanto com click & collect quanto com ship from store. O pódio do e-commerce brasileiro se completa com a Via, cujas vendas online avançaram 22,9% em 2021 e chegaram a R$ 16,825 bilhões, ou 44% do faturamento total da companhia.


Enquanto essas três empresas concorrem intensamente em um posicionamento generalista no e-commerce, com vendas multicategorias, as empresas que as seguem no top 10 do e-commerce possuem atuação segmentada. Raia Drogasil, Grupo Boticário, Grupo SBF, Lojas Renner, Burger King, C&A e Arezzo&Co mostram que existem grandes oportunidades nos mais variados setores do varejo. O consumidor entende, aceita e gosta da experiência de compra online. Portanto, varejistas que se posicionarem bem nessa arena, especialmente com operações omnichannel bem definidas e altamente eficientes, continuarão a se destacar.


O poder do digital para o varejo

Somadas, as cinco maiores empresas em volume de vendas online do país alcançam R$ 70,772 bilhões. Neste caso, equivale a 38,73% das vendas totais do e-commerce brasileiro, estimadas em R$ 182,7 bilhões pela Ebit | Nielsen. O número também representa 7,93% das vendas das 300 maiores varejistas brasileiras (eram 3,98% há dois anos).


Três setores se destacam na lista dos maiores e-commerces brasileiros em faturamento: Eletromóveis, Moda e Drogaria / Perfumaria. Representantes desses segmentos somam 13 dos 20 maiores e-commerces do país, refletindo a grande relevância desses setores nas vendas online e a primazia no varejo omnichannel.


A participação do online no faturamento das maiores varejistas brasileiras tem grande variação, refletindo níveis de maturidade digital diferentes. Uma direção, porém, é clara: o digital vem se tornando cada vez mais importante para impulsionar o relacionamento com o cliente, as vendas e os resultados das empresas. “Porém, é preciso alinhar o discurso ao que o consumidor necessita. Ao oferecer uma entrega rápida, é preciso cumprir com a oferta, pois o cliente irá avaliar a empresa inclusive por isso. Minha segunda dica é: seja bom naquilo que você oferece, e isso vale para produto, garantia de entrega, atendimento, meios de pagamentos… Não estamos falando de reinventar a roda, mas de ter esses pilares sempre alinhados para fidelizar os clientes, independente do tamanho que for o negócio”, diz Nossig.


Aceleração digital nas maiores empresas do varejo

A manutenção do ritmo de expansão das 300 maiores do varejo mostra que o setor encontrou alternativas para continuar próximo dos consumidores. Essas empresas vêm se mostrando referências na aceleração da transformação digital dos negócios. Parte disso é mérito à uma gestão mais profissional, cultura mais inovadora e acesso facilitado a recursos financeiros e tecnológicos.


As cinco maiores empresas do varejo brasileiro somaram um faturamento bruto de R$ 239,761 bilhões, o equivalente a 26,86% do faturamento total das 300 maiores. Na comparação com a edição anterior do Ranking, a concentração nas Top 5 do varejo caiu 0,4 ponto percentual. Já os 10 maiores varejistas somam R$ 353,461 bilhões, ou 39,6% do faturamento total das 300 maiores — e 0,8 ponto percentual abaixo da edição passada.


Alguns fatores explicam a diminuição da concentração no varejo brasileiro. Entre eles, a aceleração da digitalização do varejo como um todo foi de suma importância. Se no início da pandemia os maiores varejistas, mais avançados na transformação digital, se beneficiaram, em 2021 foi a vez de um grupo muito maior de empresas colher os frutos de suas estratégias.


Ajuda dos marketplaces

Foi a partir dos marketplaces, da aceleração das vendas no e-commerce e do amadurecimento de alternativas omnichannel (click & collect e ship from store) que empresas além do top 10 puderam acelerar seu crescimento.


Na edição passada do SBVC, a aceleração da digitalização dos negócios permitia aos líderes do varejo a captura mais rápida das oportunidades de mercado. No entanto, a partir de agora isso já é a realidade de um grupo muito maior de empresas — que, por consequência, aumenta a competitividade do varejo brasileiro.


As grandes tendências que emergiram em 2020, no início da pandemia, se solidificaram. Marketplaces, social selling, startups e fusões/aquisições continuam na pauta das empresas, ao lado de iniciativas de aumento de produtividade, ganho de agilidade e aceleração da inovação. O varejo continuou avançando rumo aos ecossistemas, mas com um twist: esse movimento se democratizou.


Cultura de dados no varejo

Em 2020, líderes como Carrefour, Assai, Magazine Luiza, Via Varejo e GPA Alimentar foram os grandes estandartes da “cultura startup” no varejo. Na ocasião, revolucionaram um setor tradicionalmente low tech e high touch. Hoje, porém, esse movimento faz parte do dia a dia da maioria das 300 maiores empresas do varejo. Em questão de dois anos, o varejo brasileiro aprofundou muito sua adoção de uma cultura baseada em dados. Ou seja, que privilegia informações colhidas diretamente na fonte: o comportamento dos consumidores.


Mais uma vez, a edição deste ano do Ranking 300 apresenta alterações importantes nas primeiras colocações. Se o top 4 não se movimentou, com Carrefour, Assai, Magazine Luiza e Via, o restante do top 10 viu mudanças. A Americanas, por exemplo, cresceu 25,3% no ano, impulsionada pelo varejo digital, e se tornou a quinta maior varejista do País.


Setores no ranking do varejo do SBVC

Entre as 10 maiores varejistas brasileiras listadas pelo SBVC, estão:

  • quatro supermercadistas/atacadistas;

  • três redes de drogarias/perfumarias;

  • duas redes de lojas de departamentos;

  • e uma empresa de eletromóveis.

Os supermercados compõem exatamente 50% da lista das 300 maiores. Por se tratar de um setor considerado essencial, manteve suas portas abertas durante toda a pandemia. Portanto, continuou a encontrar oportunidades de expansão no digital para atender clientes que não se dispuseram a visitar lojas.


O segundo setor mais representado, em número de empresas, entre as 300 maiores é o de Moda, Calçados e Artigos Esportivos: 38 empresas (uma a menos do que em 2018). Esse foi o segmento mais prejudicado com o isolamento social. E não apenas pelo fechamento das lojas físicas. Afinal, o crescimento do trabalho em home office diminuiu a demanda por vestuário. O mesmo vale para a manutenção das restrições para eventos, bares e restaurantes, que reduziu a questão social sempre envolvida nas compras de vestuário. Por outro lado, a aceleração da presença digital e a progressiva liberação das restrições permitiu que, depois de um 2020 complicado, as principais empresas do setor tivessem desempenhos bastante expressivos.


Digitalização foi fundamental para o varejo

Com 30 empresas listadas no Ranking (uma a menos que em 2020), o setor de Eletromóveis teve um primeiro semestre positivo, impulsionado pelas baixíssimas taxas de juros. No segundo semestre, a inflação em alta e a aceleração da taxa Selic fizeram o mercado refluir e impactaram fortemente o desempenho das empresas do setor.


Para o SBVC, os ganhos obtidos em 2020 com a digitalização dos negócios e as vendas via WhatsApp se tornaram parte do arsenal dos vendedores. Ainda assim, não foi suficiente para reverter um cenário de forte desaceleração econômica. Especialmente nos períodos mais fortes de venda, como na Black Friday e Natal, quando a curva de juros passou a subir de forma ainda mais acentuada.


Sobre futuro do varejo, Nassig faz uma previsão: “Por conta do passado recente, de uma queda representativa em alguns setores do varejo, acredito que haja uma grande melhora para 2023 e 2024. Passamos por um ano de recuperação em diversos setores do varejo. Houve uma redução de consumo de mercado, pois as pessoas em 2021 ficaram mais em casa e agora estão voltando a consumir fora. Na minha visão, o grande desafio para 2022, e talvez por mais uns 2 ou 3 anos, será a questão dos juros altos, uma vez que o varejo também depende do crédito. Por outro lado, o auxílio de R$ 600 impacta em regiões do país menos abastadas onde o varejo está saindo melhor que outros lugares”, finaliza.


 

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